História

Memória e Património Cultural

A identidade cultural do Centro Hospitalar Universitário do Porto iniciou-se em setembro de 2007, altura em que o Hospital Geral de Santo António se fundiu com o Hospital Central Especializado de Crianças Maria Pia e com a Maternidade de Júlio Dinis, tendo a sua continuidade em março de 2011 com a integração do Hospital Joaquim Urbano e em maio de 2013 ao associar o Centro de Genética Médica Doutor Jacinto Magalhães.

A Unidade inicial, o Hospital de Santo António (HSA) é um monumento nacional situado no centro do Porto. Ao seu projeto original, do arquiteto inglês John Carr, foram introduzidos ajustes que resultaram na atual traça do Edifício Neoclássico. Na altura da sua fundação o HSA representou uma das maiores obras erguidas pela Santa Casa da Misericórdia do Porto, um dos raros locais preparados para receber vítimas de grandes catástrofes e epidemias.

As crescentes necessidades de ampliação e modernização das instalações levaram a que, em 1992, se concebesse a remodelação do edifício Monumento Nacional e a criação de um novo edifício, este inaugurado em 1998. O novo edifício recebeu a designação de um dos seus grandes impulsionadores, o Dr. Luís de Carvalho, e dotou o HSA de condições para responder a novos desafios.

A Maternidade Júlio Dinis foi concebida e planeada, desde a sua origem, para funcionar como uma maternidade, função que manteve ininterruptamente desde a sua inauguração até aos dias de hoje. Durante o final do séc. XIX e 1ª metade do séc. XX, a importância das maternidades cresceu por toda a Europa, principalmente do Norte, com a tomada de consciência da vantagem de existirem fora dos grandes hospitais, ou seja, longe das epidemias, e com pessoal qualificado. A Suíça, a França, Inglaterra e a Alemanha são pioneiras, na construção de maternidades. É já no século XX que aparecem as modernas maternidades em Portugal, inseridas neste movimento europeu em defesa do bem-estar das crianças e das mulheres grávidas: em 1927 Magalhães Coutinho, em 1932 Alfredo da Costa e em 1939 a Maternidade de Júlio Dinis no Porto.

Fundado em 1882, o Hospital Especializado de Crianças Maria Pia, foi sempre um dos mais importantes e prestigiados hospitais pediátricos do nosso país. Viu na formação do Centro Hospitalar do Porto um novo paradigma de prestação de serviços, de forma integrada e orientada para a excelência. Tendo por instalações um emblemático edifício dos princípios do séc. XX, foi sendo sujeito a obras de beneficiação. Em 2012, não reunindo as condições de segurança necessárias, foi encerrado e toda a sua atividade transferida para a unidade Hospital de Santo António.

Em 2011 foi lançado novo impulso à assistência clínica e à inovação com a construção do Centro Materno-Infantil do Norte Dr. Albino Aroso (CMIN), inaugurado em maio de 2014 e com conclusão da última fase em abril de 2016. Em simultâneo foi realizada a obra de recuperação da Maternidade de Júlio Dinis que assim completou o CMIN. A concentração da assistência clínica, aliada à acessibilidade ao edifício, representou um avanço nos cuidados de saúde prestados à mãe e à criança.

O tratamento das doenças infeciosas esteve sempre ligado ao Hospital de Joaquim Urbano. O grave surto de cólera de Toulon, em 1884, que depois alastrou a Espanha, suscitou a formação de uma comissão no Porto, da qual fazia parte do Prof. Ricardo Jorge, que propôs ao Governo a construção de uns pavilhões sanitários no local de Goelas de Pau. Durante mais de 100 anos foi somente destinado ao estudo e tratamento de doenças infectocontagiosas, até 1989, altura em que foi criado o Serviço de Pneumologia destinado ao estudo e tratamento de doenças respiratórias. Em 1985, recebeu o primeiro doente infetado com VIH.

O Instituto de Genética Médica Doutor Jacinto Magalhães foi criado em 1980. Durante mais de 30 anos desenvolveu a sua atividade ao nível das doenças raras: o diagnóstico, monitorização, tratamento e investigação. É o único organismo público que se dedica especificamente ao estudo de mais de 400 doenças raras. Trata-se, portanto, de um centro de excelência, altamente diferenciado, para doenças genéticas.

Santo António tem-se mantido um ponto de partida para a inovação. Os espaços não deixam esquecer as suas origens e o esforço que representou a fusão do atual Centro Hospitalar. Perceciona-se um património global e transmite-nos a herança cultural da Cidade do Porto.