Centro de Referência do Tratamento do Cancro do Reto
Coordenadora | Marisa Santos
MD | Faculdade de Medicina | Universidade do Porto
PhD | Ciências Médicas | Instituto Ciências Biomédicas Abel Salazar | Universidade do Porto
Assistente Graduada de Cirurgia
Professora Associada Convidada | ICBAS | Universidade do Portohttps://orcid.org/0000-0002-5704-8895
O Centro de Referência (CR) do tratamento do cancro do reto dispõe de uma estrutura multidisciplinar que assegura, para todos os casos clínicos de Cancro do reto e canal anal, uma assistência médica que se pretende de excelência (organograma).
Gestão clínica dos doentes
Diariamente, existe uma consulta externa de Cirurgia de Cancro do Reto para atendimento preferencial destes doentes que permite a observação, pedido de exames subsidiários e orientação num curto espaço de tempo. Os exames radiológicos preconizados por rotina são a TC toraco-abdominal e RMN pélvica recorrendo-se igualmente à ecografia endo-anal e eco-endoscopia nos casos de tumores em fase mais precoce. Em cerca de 15 dias úteis o Centro Hospitalar Universtirário de Santo António (CHUdSA) assegura o estadiamento completo das neoplasias retais permitindo a sua apresentação em Grupo Oncológico de Cirurgia Digestiva.
Após realizado o estadiamento da doença e avaliado o risco cirúrgico do doente, o caso clínico é obrigatoriamente apresentado em Consulta de Grupo Multidisciplinar de Cirurgia Digestiva para definição de estratégia terapêutica. A decisão e plano terapêutico baseiam-se no estado geral do doente, suas comorbilidades, bem como no estadiamento da doença e suas características anatomopatológicas. A terapêutica neoadjuvante com quimiorradioterapia ou eventualmente só com radioterapia é geralmente utilizada no cancro localmente avançado. Nos cancros iniciais a cirurgia é a principal e eventualmente única arma terapêutica a utilizar. Na doença metastática síncrona ou metácrona a estratégia de tratamento é sempre definida com a colaboração dos Grupos Oncológicos Colorretal e Hepatobiliopancreático. As terapêuticas paliativas são igualmente ponderadas quando indicadas. O tratamento inicia-se em média 15 dias após a decisão terapêutica.
Nesta consulta multidisciplinar que acontece semanalmente e em que estão presentes elementos das especialidades de oncologia, cirurgia geral, gastroenterologia, radiologia e anatomia patológica, também são apresentados casos clínicos que tenham sido operados no serviço de urgência, reapresentados todos os casos clínicos após a realização da cirurgia e todas as situações em que seja preciso definir novas estratégias terapêuticas por intolerância ao esquema proposto, progressão ou recidiva da doença. O relato circunstanciado do caso, a fundamentação da decisão e o plano terapêutico constam de folha própria da consulta de grupo e que faz parte do processo clínico.
Os protocolos de atuação em Cancro Colorretal estão publicados na Intranet e foram aprovados pelo Departamento de Ensino, Formação e Investigação do CHUdSA. Baseiam-se nas Guidelines da National Comprehensive Cancer Network (NCCN) e ESMO.
Após a inscrição na LIC (lista de inscritos em cirurgias) de qualquer doente com patologia oncológica colorretal a cirurgia é garantida com uma espera máxima de quatro semanas.
O Centro Hospitalar Universitário de Santo António, em termos cirúrgicos, cumpre os princípios oncológicos e apresenta resultados sobreponíveis aos dos melhores centros internacionais. A abordagem laparoscópica é atualmente realizada em cerca de 80% dos casos. Os resultados estão publicados e podem ser consultados em Revistas Internacionais Indexadas.
Internamente, há um controlo de qualidade pela apresentação, em reuniões de morbimortalidade, de casos clínicos com particular interesse científico e clinico e de atualização de técnicas e terapêuticas nesta área específica.
O CR possui em funcionamento uma Consulta de Ostomizados que acompanha o doente em todo o processo terapêutico quando indicado. Possui Consulta Especializada em Cancro Hereditário onde há um acompanhamento específico dos doentes com risco familiar de cancro. Integra o Grupo de Investigação de Patologia Colorretal.
O CR possui o seu próprio Serviço de Registo Oncológico que garante a veiculação em tempo útil dos casos de patologias Oncológicas ao RORENO. Monitoriza morbimortalidade hospitalar, taxa de reintervenções não programadas e de reinternamentos, radicalidade da cirurgia e taxa de colostomias definitivas. Há um registo da sobrevivência dos doentes e da taxa de recorrência locorregional e à distância.
O CR está inscrito no Projeto Cancro do Reto da Sociedade Portuguesa de Cirurgia que, à imagem dos sistemas de auditoria nórdicos, visa auditar e controlar a qualidade da cirurgia e correção do diagnóstico, estadiamento e protocolos utilizados no tratamento dos doentes.
A formação técnico-científica é uma das prioridades do CR quer pela organização ou participação em Cursos e Congressos, quer pelo investimento em formação.
A Coordenadora do CR é Doutorada em Ciências Médicas e defendeu tese intitulada Cancro do Reto Localmente Avançado: Fatores de Prognóstico e sua Influência na Sobrevivência e terapêutica, é vogal da Sociedade Portuguesa de Coloproctologia e do capítulo de Coloproctologia da Sociedade Portuguesa de Cirurgia. Colabora de forma ativa nos Congressos Nacionais que versam esta patologia. Faz parte do corpo editorial e é revisora de prestigiadas Revistas Nacionais e Internacionais.